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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Noites Brancas



Para quem estiver aí, ainda, lá vai mais uma resenha. Li alguns livros desde a última resenha, mas demoro para desenvolver a ideia do livro na minha cabeça ou às vezes prefiro ignorar que eu tenha lido alguns livros, mas, o livro que resolvi falar hoje é Noites Brancas de Fiòdor Dostoiévski.
Somos apresentados a um narrador personagem que vive em São Petersburgo e se auto denomina um sonhador. Não sabemos o nome do personagem porque nunca é dito. Esse sonhador vive perambulando pelas ruas da cidade em busca de alguma coisa. Até que um dia avista uma jovem moça, porém ele não sabe como chegar até ela sem que ela se assuste ou o rejeite, por isso a observa e a segue, que no percurso acaba sendo abordada por um homem estranho, o qual o sonhador afugenta.Pronto. Começam a conversar sobre a vida e suas peripécias. Quando a moça chega em casa o sonhador a convence de que eles devem se encontrar mais vezes porque o tempo foi muito curto, entretanto, ela impõe uma condição: que ele não apaixone por ela nunca, e ele de pronto aceita.
O livro transcorre durante quatro noites em que eles se encontram e basicamente, o que não é pouco porque o russo sabe fazer diálogos como ninguém, conversam. O sonhador é mais culto e alegre, enquanto nastienka é mais humilde e acatada, e acho que por isso os dois se dão tão bem. Só que o sonhador não consegue controlar seu coração e se apaixona por nastienka, mas esconde esse sentimento porque pensa que se ela souber vai abandoná-lo. vou parar por aqui, se não irão começar os spoilers.
Foi a primeira obra que li de Dostoiévski e gostei muito. Diálogos enormes, linguagem peculiar mas compreensível e ideais intrigantes. Quero ler tudo dele agora, ele é realmente tudo aquilo que ouvimos dizer.
Como o livro apresenta praticamente dois personagens não vou escolher o favorito, vou apenas recomendar o livro para as pessoas, que assim como eu, pensam que é impossível ler Dostoiévski. Leiam, saiam da sua zona de conforto literário e descubram essa pequena obra, e um dos maiores autores da literatura.
O meu roteiro para ler Dostoiévski é baseado na lista de Pablo Gonzalez, que eu achei na internet. Segue o link:
http://pablogonzalez1.blogspot.com.br/2011/01/um-roteiro-para-ler-dostoievski.html

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O Rebelde


O Rebelde é um romance histórico, bem mais histórico que romance. O livro narra a vida de William Wallace, desde seus 10 anos de idade até o estopim da 1ª Guerra de Independência da Escócia, onde tem 26, 27 anos. Esse lapso temporal, como o próprio autor diz, é nublado diante os documentos históricos, pois nada se sabe, com precisão, de como e onde Wallace passou sua infância e juventude. 

Então, o autor usa um pouco de liberdade durante essa parte. Um bom artifício que usa é o narrador do livro ser o primo de William, James Wallace. Eles passam muito tempo perto um do outro, logo, podemos ver o desenvolvimento do grande herói, como por exemplo: quando ele aprende a usar o bastão de combate, o arco inglês e a falar outros idiomas. A princípio, fiquei contrariado por William não ser o narrador, mas depois imaginei que seria difícil, ousado até, colocá-lo como narrador de sua própria história.

O autor retrata com fidelidade impressionante a rivalidade entre os povos naquele tempo, onde o espaço para diálogos era diminuto, de fato, retrata muito bem a sociedade da época. Uma sociedade violenta, mesquinha, que visava o poder a custa dos pobres.

Recomendo o livro para quem gosta de aventura, guerras, intrigas, enfim, para quem gosta de ler sobre a idade média; mas principalmente para quem gosta da história da Escócia (como eu), pois o autor esmiúça aquele tempo com muitos dados históricos. Vale muito a leitura, se não pelo conhecimento, pelo menos para saber, com tino, a história de William Wallace, um homem a frente do seu tempo.

O personagem que mais gostei, surpreendentemente, foi Ewan Scrymgeour, um arqueiro, metade escocês metade galês, que sempre esteve ao lado de Will e Jamie, desde garotos, quando se encontram de forma providencial.

Este livro é o primeiro de uma quadrilogia, onde até agora saíram os dois primeiros. No Brasil, só foi publicado o primeiro. O nome da série é Corações Valentes. A intenção é contar a história da vida dos heróis escoceses durante as guerras contra a Inglaterra. São eles: William Wallace, Robert the Bruce e James Douglas.


A Humilhação


Esse foi o primeiro livro que li de Philip Roth, e com certeza não será o último. Philip Roth é considerado um dos maiores escritores vivos. Recentemente se aposentou, disse que já escreveu sobre tudo que gostaria em mais de 30 livros publicados. É uma lenda viva, que com certeza será sempre lembrado por livros sarcásticos, lúgubres, ácidos, eróticos, mas acima de tudo pela qualidade na abordagem de temas variados.

A Humilhação conta uma breve parte da história do senhor Simon Axler (65 anos), ator de teatro, um dos melhores de seu tempo. Mas Axler tem um problema, não consegue mais interpretar,"acabou" como ele mesmo diz. Eis a humilhação. Deve ser difícil para uma pessoa que sempre foi acostumada com sucesso e tudo o que o sucede, fama, aplausos, mulheres, dinheiro; de uma hora para outra perder tudo isso. Axler se sente traído por si mesmo, sente-se humilhado. Recorre a uma clínica psiquiátrica, para não fazer uma algo extremo.

O tempo passa e Axler volta para sua rotina prosaica em casa, até aparecer Pegeen Mike (40 anos), filha de um casal de amigos de Simon. Eles desenvolvem uma relação amorosa, a princípio com o receio de Simon, mas depois convivem muito bem sem compromissos longínquos. Porém, Axler comete o erro de imaginar coisas, criar expectativas em cima de uma base fraca.

A Humilhação. O título do livro poderia ser no plural, mas acho que o autor deixou para os leitores definirem qual humilhação foi a mais desabrida e consequentemente a qual o título se refere.

Recomendo o livro para quem busca uma história densa, forte, que vai incomodar quem lê.
Philip Roth é notoriamente conhecido por usar muito do sexo nos seus livros, por saber que é um assunto que incomodava nos anos 60 e ainda incomoda. Então, é um livro adulto.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O Último Lobisomem

Tenho que começar dizendo que esse livro é um dos meus preferidos, e que acabei de relê-lo.
O Último Lobisomen tem uma história alucinante, principalmente do meio para o fim, o que não quer dizer que a primeira metade seja ruim, longe disso.

É importante ressaltar que o livro tem uma mudança no enredo a partir da metade, com aparição de uma nova personagem, entretanto, existe um elo que liga essas metades, Jacob Marlowe, é Galês, tem 201 anos de idade e é um Lobisomen, o último vivo. 

Jake, a cada lua cheia se transforma no monstro que precisa se alimentar de carne humana, e faz isso a muito tempo, e depois de tanto tempo Jake se vê sem razão para continuar vivendo, ou seja, matando pessoas inocentes a cada lua. Para sua "sorte", no livro tem uma organização chamada de WOCOP (World Organization for the Control of Occult Phenomena), que tem como função manter sobre controle (eliminar) tudo que for sobrenatural, e Grainer, um dos chefes, quer matar Jake como vingança, não Jake o homem, mas sim Jake o monstro.  

A leitura é, principalmente no começo, morosa devido aos pensamentos de Jake, que são sarcásticos e muitas vezes complicados de seguir. Porém, uma vez que entende-se o que ele quer dizer com tantas palavras complicadas e frases confusas, nota-se que ele odeia ser o que é, e que toda vez após a transformação e ao banquete exótico ele sente asco de si mesmo. É quase um paradoxo, após a transformação ele lembra no que fez e pensa o que pode fazer para não fazer mais isso, mentindo para si mesmo, para logo em seguida se conformar com a situação (com muito álcool e sexo), e esperar a próxima lua cheia. Só que ele já cansou dessas questões, já cansou de se convencer a continuar vivendo e o que resta então é a morte. E ele está pronto para ela, porém a vida que ele tanto critica prega-lhe a mais impensável das surpresas. Creio que dá para imaginar o que faz uma pessoa do dia para noite se agarrar de maneira ferrenha à vida.

Jacob, claro, foi o melhor personagem do livro mesmo com todo seu pessimismo e lugubridade diante a vida, como ele mesmo diz "está vivo a tempo demais, desgastado pela história, repleto demais de satisfação, vaziamente repleto...". É um personagem denso, incrivelmente humano, que buscou compensar com dinheiro todo o mal que fez, mesmo sabendo que não chegava nem perto da redenção e que no fim teve uma trégua da vida, vivendo uma agridoce utopia com Talulla, mesmo que breve.

A última observação a ser feita é sobre o linguajar cru do livro. O autor usa de palavras e cenas impactantes (não fortes), devido ao libido alto dos lobisomens. Por isso, o livro é recomendável para pessoas mais velhas, que não se importem em ler cenas realistas sobre sexo, principalmente.

Esse é o primeiro livro de três, o segundo foi lançado mês passado com o título: Ascensão de Talulla, que já comprei. Recomendo para quem quer novos ares, embora não seja para todos.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A Grande Caçada

A Roda do Tempo é uma série de livros de fantasia escrita por Robert Jordan. Ele escreveu 11 livros antes de infelizmente falecer em 2007. Tendo a série sido finalizada ano passado por Brandon Sanderson, com o total de 14 livros. Desde que comecei a ler seriamente procurei autores do fantástico para ler, claro que encontrei Tolkien e outros, mas sempre fiquei intrigado com uma série de 14 livros de um senhor chamado Robert Jordan, e logo descobri que havia os 2 primeiros livros traduzidos, mas informação indo e vindo, veio a notícia de que a editora tinha falido, e como consequência: a paralisação da tradução da série. Mas, eis que surge a Intrínseca, fazendo a campanha de publicação e tal. Fiquei bastante feliz pois, finalmente ia chegar com uma editora de peso, uma das melhores sagas já escritas. Logo que foram lançados comprei, tanto o primeiro quanto o segundo, em livrarias (não ia aguentar a demora da entrega). Li o primeiro no fim do ano passado e gostei de tudo que o autor mostrou. Terminei o segundo a 2 dias e em uma palavra: espetacular!

O livro continua de onde parou o primeiro, os personagens principais estão em fal dara, shienar. A princípio, aparenta que eles nada estão fazendo por lá, Rand treina com Lan e os outros nem aparecem direito, até que o trono de Amyrlin chega na cidade. A Amyrlin é como se fosse  a chefe maior das Aes Sedai. Que vai lá para conhecer de perto Rand. Então acontece um ataque a cidade e depois do susto percebem que a Trombeta de Valere e a adaga do Mat foram roubadas pelos Trollocs e os Amigos das Trevas. Organiza-se então um grupo para recuperar a trombeta e a adaga que está ligada de formal mortal a Mat. Rand, Perrin, Mat e Loial vão à caçada da Trombeta, acompanhados por um pequeno grupo de soldados Shienaranos comandados por Ingtar e por fim o farejador Hurin. Farejador porque ele tem a habilidade de sentir o cheiro de violência no ar, e por onde trollocs passam deixam o cheiro dela. Tudo vai bem até o Rand usar inconscientemente uma pedra portal e levar consigo, Loial e Hurin, para outro lugar.

As personagens Nynaeve e Egwene finalmente vão para Tar Valon para serem treinadas e se tornarem Aes Sedai, ambas com objetivos próprios. Nynaeve já chega como aceita (porém ainda não é uma Aes Sedai) e a Egwene como noviça. Nynaeve, em especial, descobre o preço de se tornar uma Aes Sedai durante os três testes que toda aceita tem que fazer, ela sofre bastante com as coisas que vê e sente. Em Tar Valon conhecem Elayne, a mesma que apareceu no primeiro livro, que é a princesa-herdeira de Caemlyn e, Min, a garota que consegue vislumbrar o futuro; e se tornam amigas.

A jornada em busca da Trombeta leva o grupo para Cairhien onde existe o Jogo das Casas, um tipo de disputa silenciosa entre as casas poderosas em busca de poder, e muitas pessoas ficam interessadas com a presença de Rand, pois pensam que ele é mais um jogador por ser estrangeiro e ter aparência de Lorde. Nesse livro, Thom Merrilin, o menestrel, aparece novamente só que com muito menos participação, chegando a ser chato às vezes. O grupo se reúne novamente em Cairhien, (devido ao uso da pedra portal Rand, Loial e Hurin chegaram antes) com a adição de mais uma pessoa no grupo, a Aes Sedai Verin da Ajah marrom. Que ajuda o grupo a ir onde devem.

Em Tar Valon, as garotas ficam sabendo que os seus amigos estão em perigo por uma personagem, que se oferece para levá-las aonde eles estão. Elas viajam pelos Caminhos e finalmente chegam em Falme, onde o livro encerra com uma grande luta e com o dragão renascido.

Na minha opinião, o coração de um livro são os personagens. Então, o personagem que mais gostei foi o Rand, que se mostrou o tempo todo muito contrário ao papel dele na história, mas que sempre procurou fazer o correto nas mais difíceis situações. Gostei também do Loial e da lealdade dele com o Rand.

Gostaria de poder falar sobre as semelhanças e diferenças com O Senhor dos Aneis, mas infelizmente (e com um pouco de vergonha) nunca li A trilogia. Mas já li Duna e Messias de Duna, e vejo semelhanças entre Paul Atreides e Rand al'Thor, como os predestinados a grandes feitos. E também há semelhanças entre os Fremen e os Aeil, ambos povos que vivem no deserto sob circunstâncias quase inóspitas.

O livro é muito bom, melhor que o primeiro onde ainda estavámos sendo introduzidos ao mundo de Randland. Apesar de o livro ser praticamente pela visão de Rand, vemos a personalidade dos outros personagens em diálogos bem criados. No próximo livro o Rand quase não aparece, dando mais enfoque nos amigos de Dois Rios, Mat e Perrin. Além do que, são 14 livros, em que o autor desenvolve quase exaustivamente os personagens, pelo menos os principais. Recomendado para todos que gostam de uma boa história, que não é simplesmente a luta entre o bem e o mal, mas sim, uma longa e insólita jornada, que vai moldando os personagens, fazendo eles crescerem e amadurecerem para que consigam fazer o que deve ser feito.